domingo, 28 de outubro de 2007

Meu querido Amigo













Meu querido amigo,



Espero que te encontres bem no topo da tua altura de gigante das histórias do meu tempo de ser menino.
Tu foste o gigante e o anão dos meus sonhos enfeitados de mar e de chuva miudinha. Embarquei contigo nas naus que iam para toda a parte sem chegarem a parte nenhuma, e fui, como tu, marinheiro, soldado, aventureiro, conselheiro de reis e motivo de espanto para homens do tamanho de um polegar. Mas tudo a sonhar. Sempre e só a sonhar. Ai Gulliver, se tu soubesses como me fizeste perder o sentido da distância e a verdadeira medida das coisas. O que um dia era gigante, no outro tinha a pequenez de uma ervilha ou de uma pérola de orvalho.
Espero que te encontres bem e que, quando te apetecer sair do livro do Senhor Swift, me escrevas ou me telefones para eu ir contigo ao cais mais longínquo da bruma e da tempestade.
Tu deves saber onde eu moro, porque personagens como tu nunca se esquecem de quem as leu, amou e admirou.

Eu cresci contigo enquanto tu crescias e minguei a teu lado quando tu te tornavas anão. Contigo percebi que o nosso tamanho, na realidade, depende sempre dos olhos de quem nos vê.

Não te esqueças de dar notícias, porque eu continuo a ter um barco pronto para as grandes viagens que tu deixaste por fazer. É só fazer a mala e partir. A mala não: um saco de lona com a roupa leve que se deve vestir te esqueças de dar notícias. Ainda me hás-de ensinar de que forma é que os homens, as ilhas e os países mudam de tamanho no grande mar dos livros, no oceano dos sonhos mais antigos.


In José Jorge Letria, Cartas aos heróis

Porto: Ambar, 1998

Niños de la calle




"Estou aqui sentado
ha tempos sem fim
a esperar por ti...
ou a esperar por mim?"

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Corpse Bride Piano Duet






"O Amor começa nas coisas mais pequenas
pode começar no dia
em que, pela primeira vez,
fazemos confidencias a alguên...
ou ....quando a gente ajuda a quem precisa de nós(...)
O Amor vem devagar e no entanto , é de repente
que a gente o sente chegar.
Ja nao estamos mais sozinhos
O Amor é um sentimento feliz
que fica no coraçao
por toda a vida"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

RETRATO DE ANNA






TU já viste um passarinho nascer?

É como Anna a acordar.



Tu já viste um passarinho voar?

É como Anna a crescer.



Tu já viste um passarinho beber?

É como Anna a mamar.



Tu já ouviste um passarinho piar?

É como Anna a chorar.



Tu já viste um passarinho saltar?

É como Anna a mexer.



Tu já viste um passarinho cantar?

É como Anna a viver.



Tu já viste o mais belo passarinho?

É como Anna!



Ester Luísa Dias*



*Poema publicado na antologia Viola Delta, Volume XXII,

Edições Mic, Lisboa, 1996, pág.19.



O Retrato da Anna que poderia ser o retrato da minha Ines...
mas tb o retrato dos filhos nossos ou dos de coraçao!!!!

Abraços!!!!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Anne Franck





Realmente, é de admirar que eu não tenha desistido de todos os meus ideais, tão absurdos e impossíveis eles são de se realizar. Conservo-os, no entanto, porque apesar de tudo ainda acredito que as pessoas, no fundo, são realmente boas. Simplesmente não posso construir as minhas esperanças sobre alicerces formados de confusão, miséria e morte. Vejo o mundo transformar-se gradualmente numa selva. Sinto que estamos cada vez mais próximos da destruição. Sofro com o sofrimento de milhões e, no entanto, se levanto os olhos aos céus, sei que tudo acabará bem, toda essa crueldade desaparecerá, voltarão a paz e a tranquilidade.

Enquanto isso, é necessário que mantenha firme os meus ideais, pois talvez chegue o dia em que os possa realizar.

in "Diário de Anne Frank", Carta a Kitty, 15 de julho de 1944


A árvore de Anne

http://www.annefranktree.nl/Content.aspx?FileName=AnneAndTheTree

Recordando Adriano "Trova do vento que passa"

terça-feira, 16 de outubro de 2007

“Em memória de Adriano”










“Em memória de Adriano”

“Nas tuas mãos tomaste uma guitarra
copo de vinho de alegria sã
sangria de suor e de cigarra
que à noite canta a festa da manhã.

Foste sempre o cantor que não se agarra
O que à terra chamou amante e irmã
Mas também português que investe e marra
Voz de alaúde e rosto de maçã.

O teu coração de oiro veio do Douro
Num barco de vindimas de cantigas
Tão generosas como a liberdade

Resta de ti a ilha dum tesouro
A jóia com as pedras mais antigas
Não é saudade, não! É amizade...”

(poema de José Carlos Ary dos Santos)


Nos 25 anos de saudade..

http://pwp.netcabo.pt/fbrutodacosta/homenagem.html

O DIA EM QUE FINALMENTE CHOREI









Eu não chorei quando soube que era mãe de uma criança mentalmente limitada. Apenas me sentei e não disse qualquer coisa quando meu marido e eu fomos informados que Kristi era - como suspeitávamos - deficiente mental.
- Vá em frente e chore. - O médico aconselhou amavelmente - Ajuda a prevenir sérias dificuldades emocionais.

Apesar das sérias dificuldades, eu não chorei nem durante os meses que se seguiram.

Quando Kristi estava com idade para ir à escola, sete anos, nós a matriculamos no jardim de infância da escola de nossa vizinhança. Eu poderia ter chorado no dia em que a deixei naquela sala cheia de seguras, ansiosas e espertas crianças de cinco anos. Kristi passava horas e horas brincando sozinha, mas naquele momento, quando era a criança "diferente" entre outras vinte, estava provavelmente mais solitária do que nunca.

Entretanto, coisas positivas começaram a acontecer para Kristi em sua escola, e para seus coleguinhas, também. Quando se gabavam de suas próprias realizações, os coleguinhas de Kristi sempre tinham prazer de elogia-la também:
- Kristi conseguiu soletrar direito todas as suas palavras hoje.

No segundo ano de Kristi na escola, enfrentou uma experiência traumática. Uma apresentação pública, finalizando o ano, que tinha uma apresentação musical e uma competição de atividades físicas. Kristi estava muito atrás em ambos, música e coordenação motora.

No dia da apresentação, Kristi fingiu estar doente. Desesperadamente eu quis mantê-la em casa. Por que deixar Kristi falhar em um ginásio cheio de pais, de estudantes e professores? Que simples solução seria apenas deixar minha criança em casa. Certamente faltar a uma apresentação não podia importar. Mas minha consciência não me deixava sair desta situação assim tão facilmente. Então, eu praticamente enfiei uma pálida e relutante Kristi dentro do ônibus escolar e eu mesma é que passei a estar doente. Mas como eu havia forçado minha filha a ir à escola, agora eu me forçava a ir à tal apresentação.

Parecia que nunca chegava a hora do grupo de Kristi se apresentar. Quando finalmente vieram, eu descobri porque Kristi estava preocupada. Sua turma foi dividida em equipes. Com suas reações débeis, lentas e desajeitadas, certamente atrasaria a sua equipe.

O desempenho foi surpreendentemente bom, até que chegou a hora da corrida de sacos. Agora cada criança tinha que entrar em um saco, ir pulando dentro do saco até uma linha, voltar e sair do saco.

Eu observei Kristi parada atrás de sua equipe, olhando nervosa. Mas quando chegou a vez de Kristi, o menino mais alto da turma foi para trás de Kristi e colocou suas mãos em sua cintura. Outros dois meninos se abaixaram ao seu lado. Então, o menino mais alto levantou Kristi e os outros dois ajeitaram o saco. Uma menina segurou a mão de Kristi e a apoiou até que Kristi ganhasse equilíbrio. E então, ela foi pulando, sorrindo e orgulhosa.

Diante da torcida, do apoio e do entusiasmo dos professores, dos estudantes e dos pais, eu agradeci à Deus por aquelas pessoas amáveis e compreensivas que tornaram possível que minha inabilitada filha fosse um ser humano como seus companheiros.

Então, finalmente eu chorei.



Tradução de SergioBarros
do texto de Meg Hill

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

The Elephant Man - Train Station Scene

The Elephant Man Movie Trailer




Tem filmes que nos encantam simplesmente por nos fazer entrar na história, nos colocar na pele da personagem, e assim vivenciar aquela história como se estivesse acontecendo conosco! Tem diretores que estão sempre produzindo filmes incríveis.O homem elefante (Elephant Man) é um desses filmes, que nos intriga e nos deixa encantado. O filme é de 1980, dirigido pelo grande cineasta David Lynch. Quem quiser mais informações vale a pena conferir no blogue do Miguel Galrinho .

Vale a pena alugar e assistir!
Flávia Frossard